quarta-feira, 3 de julho de 2013

Grotescas

Depois de uma grande decepção que foi o Morro dos Ventos Uivantes (para mim, só para ter ideia fiquei quase um ano travada nesse livro) e de uns livros meio toscos de escola, volto aqui com Grotescas da Natsuo Kirino.


Antes de tudo tenho que contar como achei esse diamante. Eu estava na livraria com minha mãe, vendo se o livro Interpretação de Textos havia chegado. Claro que isso era o que ela olhava, enquanto isso eu via se tinha algo que me interessava. Passei por alguns títulos e olhei: Grotescas, já pensei que o livro deveria ser bom (Sim, eu julguei o  livro pela capa) e fui ler o resumo.

O assassinato de duas prostitutas, ambas ex-estudantes de uma escola para moças de elite em Tóquio, é o ponto de partida desta história, que reconstitui a vida das duas vítimas e da narradora do livro. Filha de uma japonesa e um suíço, a narradora sem nome é atormentada ao longo de toda sua vida por profundos sentimentos de inadequação e rancor, frutos de sua origem mestiça e da constante comparação com sua irmã, Yuriko, dotada de uma beleza fora do comum. A narradora investiga o que teria levado duas ex-alunas de um colégio de elite a prostituir-se nas ruas; reconstrói as memórias de sua família; as dificuldades de aceitação na elitista Escola Q Para Moças, com seu rígido sistema de castas definidas por origem, renda e aparência e sua obsessão pela genética.

Quando li Tóquio, meu coração saltitou, afinal nunca tinha lido um livro sobre o Japão, além do mais japonês (Sim, eu não tinha deduzido isso pelo nome da autora). Convenci minha mãe a comprá-lo e depois de uns meses na estante comecei a ler.

Sinceramente, me apaixonei pelo livro. E vou listar os porquês de eu recomendar ele assim:

1- A narradora não é descrita (Na verdade quase ninguém é muito descrito) o que deixa você com a mente aberta para criar personagens.

2- A linha de pensamento dela não é como nos outros, pela primeira vez eu li um livro que começava com uma ideia e no fim acabava se contradizendo. Do jeito que eu coloquei parece que isso não é bom, mas eu achei que tendo isso ficou mais próximo da realidade, digo, nós não passamos o tempo todo pensando da mesma forma.

3- O tema do livro (prostituição, assassinato, beleza) é abordado de maneira diferente, e também com diversas visões sobre aquilo. O livro consegue criticar de uma maneira ao mesmo tempo ruim e boa, fazendo você criar sua própria opinião sobre o assunto.

4- A rivalidade, ódio entre as irmãs. Eu, pelo menos, tenho isso muito no meu dia-a-dia, e fico pensando o que meu irmão acha de viver na minha sombra. Sim, eu sou como uma Kazue   Mitsuru da vida, então o meu irmão acaba ficando com as sobras do meu brilho, como a narradora com a Yuriko.

5- Frases simplesmente que dariam um livro de auto-ajuda. Sério, nesse livro tem aquelas frases tipo Clarisce Lispesctor, e eu acho que isso dá um brilho no livro, entende?


6- Final um tanto quanto inesperado. Na verdade, eu achava que Zhang iria ser preso e pronto, fim. Mas Natsuo conseguiu fazer um final bem mais interessante do que eu pensava, além de acabar relacionando todos os personagens no fim (digo isso porque já li livros que o autor vai colocando personagem e no fim, uns desapareceram, outros se teletransportaram para outra dimensão...).

Acho que esses são as principais coisas que me chamaram atenção nesse livro (se eu listar tudo, isso vira um big post). Recomendo muitíssimo a vocês, leitores...

Kissus Kissus

Curious Girl 

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